The Wall Returns. Turnê mundial da reapresentação do maior show já produzido na história (sim, o melhor show da história, haters gonna hate), Depois de 20 anos da apresentação original, em Berlim no final da guerra fria, no ano de 1990, e mais de 30 anos depois do lançamento do álbum de estúdio em 1979, o Muro, em escala menor, mas mesmo assim com toda sua magnitude volta para nooooooooossa alegria (me crucifiquem NOW) . E o Hells Bells esteve lá, para trazer uma cobertura completa pra todos vocês.
A turnê mundial começou em 2010 na Europa e esta rodando o mundo. No momento (4/2012) a turnê se encontra na América Central e logo mais subirá para a América do Norte. Foram realizados 4 shows no Brasil, nos dias 25 de março em Porto Alegre, 29 de março no Rio e nos dias 1 e 3 de abril em São Paulo. Este autor que vos fala esteve presente no show do dia 1 de abril (que por sinal estava apreensivo do Zeca Pagodinho aparecer e gritar “pegadinha do malandro” no palco, mas piadas a parte) no Estádio do Morumbi em São Paulo capital. O portões foram abertos perto das 15:30hrs da tarde e o show começava às 19:00, foi um tempo considerável de espera mas valeu a pena. 2 horas antes do show a galera já estava chapadona, com uns malucos muito gente boas cantando músicas do Pink Floyd desde o primeiro álbum até perto da hora do show. Mais ou menos uma hora antes de começar o povo já se aglomerava perto da grade para esperar a entrada.
O palco possuía mais de 130 metros de comprimento indo de um lado ao outro do campo e 10 metros de altura, feito com blocos de material reciclável imitando tijolos brancos. Atrás existia um telão redondo eram seriam mostradas fotos e imagens que fazem parte da trama do show, do lado e atrás desse telão tinham 3 suportes com bonecos gigantes com as figuras da Mãe, do Professor e da Esposa, que seriam expostos durante as músicas (mas isso seria meio que surpresa, mas finge que ninguém sabe e ninguém viu).
Foi dado um aviso de que o show iria começar e surgiu aquele silencio, enquanto 2 Martelos (como são chamados os oficiais “neo-nazistas” da história) seguravam o boneco de Pink (o personagem principal, que se passa toda a história do álbum), após o largarem e deixarem o palco começa a primeira música, “In The Flesh?” com uma abertura espetacular com fogos, explosões, barulhos de tiros de metralhadora e até um avião que desceu do topo do estádio até bater no palco e pegar fogo. Roger Waters entra no palco trajado com um sobretudo de couro e óculos escuros (só mesmo muito badass pra sair a noite de óculos escuros). Todo momento surgiam mensagens projetadas no muro, mensagens de “vai ficar tudo bem”, “estamos te protegendo, “estamos te vigiando” em conjunto com cartazes dos martelos.
Em “Thin Ice” foram projetadas durante toda a música fotos de pessoas de diferentes nacionalidades até completar todos os tijolos do muro. Em “Another Brick In The Wall (pt1)” o show toma um ritmo mais lento, com projeções calmas de águas de cor vermelha no muro. Em seguida vem a famosa “The Happiest Days of Our Lives”, música muito confundida com “Another Brick In The Wall (pt2)” (inclusive por este próprio autor quando ainda pouco conhecia sobre Pink Floyd), chegamos num dos pontos altos da primeira parte do show, com a icônica “Another Brick In The Wall (pt2)”, nesse momento o boneco gigante do Professor desce do suporte e crianças de escolas públicas de São Paulo sobem ao palco para formar o coro que ajudará Roger na música e a “espantar” o Professor do palco (bem tosco pra se falar a verdade).
Após a euforia ter tomado conta do público, Roger faz uma pequena homenagem em português a Jean Charles de Menezes, brasileiro que foi morto no metro inglês por ser confundido com terroristas, e cantou uma versão modificada de “Another Brick” em homenagem. Após foi exibido no telão uma imagem de Roger 30 anos atrás nas gravações de “Mother”, a exibição foi feita junto com a música enquanto o boneco gigante da Mãe observava tudo atrás do Muro, alguns mais desatentos podem nem tê-la visto.
“Goodbye Blue Sky” (uma das minhas músicas preferidas do primeiro álbum) teve uma remodelagem nas apresentações gráficas (que por sinal eu também gostei bastante). Nela foram expostos aviões bombardeiros despejando marcas e símbolos que exercem muita influência nas pessoas nos dias de hoje como Mercedes-Benz, Shell, e símbolos religiosos como a Estrela de David dos judeus, a Cruz cristã, entre outros. Como um bombardeiro de influências e alienações sobre todos, como o próprio Roger fala ao ser perguntado por que refazer o The Wall em uma turnê (como pode ser visto aqui -> http://www.roger-waters.com/why.php artigo em inglês). Apresentação muito sutil e subjetiva e, na humilde opinião desse redator, uma das melhores e mais bem elaboradas de todo o show.
Em seguida vem “Empty Spaces” com sua icônica animação das flores se entrelaçando, se é que você me entende. Logo em sequência vem “What Shall We Do Now?” uma música muito esquecido e confundida com a predecessora, principalmente pelo fato de não estar presente no álbum original de 79, mas presente no show e em outras versões do disco, sendo muitas vezes confundida com uma versão estendida de “Empty Spaces” (o que na verdade não deixa de ser mesmo).
Com a participação de um guitarrista solo convidado “Young Lust” uma das músicas mais pesadas e rock ‘n roll de todo o Pink Floyd foi executada acompanhada de cenas sexys e provocantes no Muro. Logo em seguida vem a explosão de fúria contida em “One of My Turns” quando Pink leva uma moça para seu apartamento. Este autor sentiu muita falta do Roger jogando uma guitarra pela janela de um quartinho construído no muro, mas mesmo assim as projeções compensaram esta pequena falta, o quartinho reapareceria mais pra frente.
Com o Muro quase completamente construído, surge o arrependimento em “Don’t Leave Me Now” e quando o boneco gigante da Esposa vem para atormentar Pink na sua angústia. Não agüentando de tanta pressão, Pink desiste e começa “Another Brick in The Wall (part3)” com uma projeção de uma tela de televisão sendo quebrada que este autor particularmente achou muito interessante e bem bolada. “Goodbye Cruel World” vem para acalmar um pouco os ânimos, mas com ela o Muro está quase completo e no final da música o último tijolo é colocado e o Muro finalmente se fecha com o icônico adeus de Roger Waters.
Após o Muro ser fechado foi feita uma pausa de 15 minutos. Durante esta pausa foram exibidas no Muro fotos de pessoas que foram mortas em conflitos ou assassinadas. Entre elas encontrei a foto de uma pessoa do Vietnam do Norte, país que nem existe mais, e Ghandi, além de um tal de John Price (que só os fãs de Call of Duty entenderão a graça #offtopic).
Após o intervalo breve “Hey You” começa, e como o Muro está fechado o entretenimento fica por conta das projeções, que por sinal não foram tão bem elaboradas como as outras, foi algo muito mais lisérgico, mas sem ser épico o suficiente, só distorções e uma luz no muro. “Is There Anybody Out There” contou com um reforço do coro do público que “clamava por ajuda” junto com Pink.
Não teve um quarto em “One of My Turns”, mas teve em “Nobody Home”, onde Roger sentou numa quartinho com TV bem pequeno no meio do Muro e cantou a música de lá, imitando bem os móveis que estavam presentes no filme durante essa música.
“Vera” e “Bring The Boy Back Home” começam e seu lado apelativo pro emocional aflora ainda mais num espetáculo ao vivo. Imagens de Guerra e pessoas feridas e mortas são expostas e entre elas esta frase:
“Every gun that is made, every warship launched, every rocket fired, signifies in the final sense a theft from those who hunger and are not fed, those who are cold and are not clothed.”
Uma frase muito bonita e forte de Eisenhower que cabe muito bem com o contexto da música. Este autor quase chorou de emoção durante está música, pois as emoções e energias são realmente fortes.
Em seguida, o clímax do segundo álbum e do show “Confortably Numb” onde Roger aparece na frente do muro e interage com o público. Durante os solos da música o guitarrista aparecia iluminado em destaco no topo do muro em conjunto com o backing vocal (só faltou um tal de David Gilmour como teve na Inglaterra, mas... mesmo assim o guitarrista mandou bem). Durante o segundo solo da música Roger bate no Muro e começa uma série de visões e imagens lisérgicas e psicodélicas, levando o espectador a uma verdadeira viagem no mais alto estilo LSD. As alucinações começam a tomar um caráter mais pesado até que surge uma espécie de palanque político onde aparece Pink em sua forma estilo nazista.
“The Show Must Go On” entra sorrateira para dar início a re-abertura do show com “In The Flesh!” (note o ponto de exclamação diferente da primeira, são músicas diferentes) com novas mensagens e com um teor mais autoritário próprio para interpretar o papel de ditador e uma surpresa: um porco inflável gigante que foi solto sobre a platéia com mensagens criticando ações do governo e sobre as novas leis de código ambiental. “Run Like Hell” é uma das músicas menos rock e menos progressiva ainda do álbum, mas que por uma surpresa do destino a versão tocada no show foi muitas vezes melhor do que a do álbum original (na humilde opinião deste autor). Com um tom e ritmo mais hard rock, tendendo até um pouco para o heavy metal, mas com muitos efeitos e jogo de sons. (nota fora: este autor foi provavelmente o único a fazer a dancinha escrota do filme durante a música, mas foda-se).
“Waiting For The Worms” contou com a ajuda de um corinho de backing vocals e Roger com um megafone dando as instruções pros martelos, exatamente como no filme. Sem nada de mais a acrescentar, a não ser a projeção de minhocas se intercalando em pilares no Muro. “Stop” vem pra encerrar toda a confusão e tumulto, sem muitas projeções ou efeitos, cantoria bem baixa, no meio da galera gritando até mesmo difícil de ouvir muita coisa.
“The Trial” foi apenas uma projeção um pouco modificada da versão em animação do próprio filme, porém, não menos importante. Durante a cena da derrubada do Muro foram projetadas muitas das imagens de todo o show numa sucessão muito rápida e todas tingidas numa cor sangue. Mais um ponto de emoção altíssima durante o show. Gritaria. Tumulto. Muitos tijolos brancos caindo. O Muro cai completamente. Aquele suspense no ar. Surge uma imagem de uma menininha no telão. Acenando carinhosamente para o público. Entra então todos os músicos e começa a última música “Outside The Wall”, onde Roger apresenta a si mesmo (dûh) e os músicos. O show termina com aquela sensação estranha de algo faltando. Talvez muitos derrubaram seus muros naquele dia, talvez alguns tenham construídos os seus, mas com certeza algo mágico aconteceu e todos foram tocados de alguma forma.
Por isso The Wall é o maior espetáculo da história, consegue ter vários temas e vários shows com pontos fortes dentro dele mesmo. Emoções e sentimentos. Momentos épicos e memoráveis. Outros mais amenos, mas não menos importantes. Estrutura física completa. Só as projeções já são um show a parte que poderia muito bem ser feito sozinha, sem músicos. Sem dúvida um show que vale muitíssimo a pena cada centavo, suor, lágrima e grito.
abertura do show "In The Flesh?
"Mother should I trust the goverment?" (haha, achei muito épico
Gostosinhas das projeções de "Young Lust" (fappers gonna fappear)
"Confortably Numb" o climax do show e projeções fantásticas como essa
Os martelos marchando durante "Waiting For The Worms"